terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pra sempre



O que é perspectiva? A idéia básica que une todos os significados desta palavra é a de que a experiência humana é relativizada de acordo com o ponto de vista de onde ela é vivenciada.
Que perspectiva tem o adolescente brasileiro senão o iminente porvir? Que perspectiva têm uma garota, que com doze anos, namora com um homem de dezenove, e não tem um acompanhamento dos limites dessa relação?
Como viver sem sofrer o arraste das horas, dos dias, de um cotidiano que escorre por nossos dedos e não temos a vã idéia do rumo que a vida tomará, pois não temos garantido o futuro que a novela das oito nos dá como regra?
Qual a perspectiva do jovem eternamente conectado nos sites de relacionamento, baixando músicas ou jogando on-line nas inúmeras lan's disponíveis, principalmente, na periferia, sem a orientação adequada de como utilizar toda esta tecnologia que conquistamos ao longo da vida?
Como viver essa vida? Como viver? Como? São nossas vidas. Nossas filhas. Nós.
Mas, longe de fazermos um juízo de valor de qualquer uma das partes, busquemos dentro de nós a essência do ser adolescente. Aquele momento da vida que podemos tudo. Podemos voar, sermos heróis e, tudo ao mesmo tempo. Nada é maior que nós. Nenhum rompante pode ser questionado porque afinal nós somos e podemos. Olhemos esses acontecimentos com os olhos daqueles rapazes que, em meados dos anos 90, escondiam os olhos vermelhos com óculos escuros, quando desciam o caixão com um dos nossos. A vida segue.

Para o Willian

Ser adolescente
Buscar a essência
Viver com fremência
Displicentemente

Somos nós mesmos
E somos eternos
De jeans e não terno
Vivemos a esmo

São as lembranças
Eternas ondas
Daqueles que foram

Saraus e festanças
Velórios e praias
Lágrimas e sorrisos

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

As flores do meu quintal


Quando éramos crianças, não podíamos brincar de bola no quintal de casa por um motivo que, para nós, não fazia o menor sentido. Havia inúmeras flores.
Para que flores? Aliás, para que um quintal de "chão batido", de terra, num bairro onde todos tinham seus espaços com ladrilhos, limpos e brancos, escorregadios e gelados, com seus cachorros correndo e derrapando nos dias de chuva.
Ficávamos desolados com aquelas inúmeras plantas que impediam nossa diversão, com aquela terra que sujava nossos pés com havaianas e nos diferenciava das outras crianças que riam e não entendiam, assim como nós, o porque daquela insistência com um quintal de terra, plantas, flores e até uma imensa árvore que sustentava um balanço e servia de uma diversão fantástica.
Hoje, estamos cercados de muros, grades e concreto... O pouco que resta das flores está encerrado em pequenos vasos, condicionados pelo pouco espaço que possuímos...
As flores do meu quintal eram o símbolo de liberdade. Nossa liberdade e da natureza.
Roverson